março 17, 2019
BY Daniela Alves0
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Para mim este não pode continuar a ser um assunto tabu sobretudo nesta altura em que em noticias continuam a dar-nos conta de número alarmantes de mulheres vitimas de violência doméstica.
As coisas que servem de suporte continuam a não ser suficientes.
Sabem a quantidade de vezes em que desejei a morte do meu pai durante estes 14 anos de violência doméstica tanto física quanto psicológica.
Nunca houve festas de aniversário na minha casa nem tão pouco podia ir a alguma.
Era raro podermos sair para casa de outra pessoas.
Enquanto o meu calvário durou nunca fui a uma sessão de cinema e até para comprar um livro de "Uma Aventura" que custava 800 escudos era um filme, mas o meu pai tinha tudo do bom e do melhor. Tinha a estante cheia com livros que ainda não tinha tirado do plástico do Circulo de Leitores e aparelhagens em duplicado.
O único lugar para onde podia ir com ele por vezes eram ao futebol porque ele ia trabalhar como jornalista ou quando ele ia para a rádio.
Acho que a única forma que eu tinha de escapar ao seu emaranhado era quando entrava na biblioteca e viajava dali através dos livros.
Muitas vezes oiço pessoas a queixarem-se dos pais e eu muitas vezes tento fazê-los ver que eles ao menos têm pais que se preocupam.
É um crime o que eles estão a fazer com vocês e com os vossos filhos e eu sei o quanto é difícil quebrar uma espiral de sofrimento mas se querem saber como, para mim que já tive dentro da espiral digo-vos que tentei fugir de casa quando tinha 14 anos mas fui dedurada pela burra da minha irmã. Se eu não a quisesse incluir da fuga já tínhamos fugido dele.
Na minha altura não havia informação nenhuma e nunca ninguém se importou com os meus hematomas.
A minha mãe pobrezinha tinha uma doença incurável (Coreia de Hungtington) e após ter sofrido de violência com o parvalhão do meu avô, também não foi feliz com o meu pai.
Eu sei que não é fácil mas façam isso por vocês e pelos vossos filhos e denunciem.
Quebrem a bolha desses atrasados mentais.